Lembrando o passado (xote)

Fico pensando na quele tempo passado
o resultado vejo bem na minha frente
a gente era tão feliz quando criança
mas hoje em dia está muito diferente

O tempo passa e os amigos vão embora
de mundo a fora é difícil se encontrar
já não se faz nordestinos como antes
até os velhos tão usando celular

" eita, quanta saudade
passado bom que vivi lá no sertão"

"eita, quanta saudade.
morro de velho e não acostumo não"

Como era bom uma noite de são João
ali no chão o milho verde a pipocar
um sanfoneiro capricha nos oito baixo
e a meninada já querendo namorar

Quero falar do nordeste em poesia
uma alegria que no passado ficou
estou vivendo o presente e o passado
me  adaptando para o futuro que vou



Carta de um matuto

Tô muito insatisfeito
de conhecer a  capitá
pois é muito diferente
da vida que eu tenho lá
é tudo fácil de mais
quase nada a gente faz
dá preguiça até pensar

Não se ver nenhum roçado
nem do gado o mugido
o leite vem numa caixa
o café já vem muído
tem comida enlatada
outras vem plastificada
e dá até um bom cuzido

tem um bichinho quadrado
do tamanho de um caçuá
que bota a cumida dentro
pra mode  cuziá
não tem fogo nem fumaça
o quê que aquela desgraça
faz para ela esquentar?

Tem um quartim dentro de casa
pá tomar bãi e cagar
não se usa o sabugo
pra mode o fiofó alimpar
é um papé bem finim
tem que usar cum geitim
pra o dedo num melá

tem um quadro na parede
chamado televisão
cum uma ruma de gente dentro
num sei como cabe não
a gente fala com eles
manga das roupas deles
e eles num dá nem atenção

Niguém senta na calçada
para mode prosiar
ficam sentados na sala
sem niguem a conversar
dando gaitada e espiando
a tela que ta briando
de um tá de celular

Tem um tá de elevador
que fiquei mei assustado
é um caxote bem feito
que as portas entra de lado
é só apertá um botão
ou sobe ou desce pro chão
e vc pensa que ta parado

E as portas sem tramela?
pensei que era magia
você vai se aproxegando
de longe ela te vigia
abre pra tu passar
depois torna a fechar
sozinha. vixe maria.

Tem muita coisa esquisita
que eu vi na capitá
morando duzentos anos
nunca vô me acustumar
num gostei dessa viage
e já comprei a passage
de volta pro meu lugar








Quadrão a beira mar

Vou falar do meu nordeste
terra dos cabras da peste
se quiser faça um teste
e venha para comprovar
o aboiador, o violeiro
que faz um verso ligeiro
na viola ou no pandeiro
no quadrão a beira mar

Terra de cabra valente
que só toma aguardente
no seco planta a semente
e cultiva até brotar
no inverno tem fartura
o que vem da agricultura
alimento in natura
no quadrão a beira mar

O litoral é beleza
Salvador a Fortaleza
do mar se tira a riqueza
pro turista apreciar
do sertão ao litoral
interior capital
não se ver nada igual
no quadrão a beira mar

Mossoró terra do sal
a Bahia do cacau
João pessoa do sisal
são produtos pra exportar
o sol brilha o ano inteiro
pro turista estrangeiro
vir gastar o seu dinheiro
no quadrão a beira mar

A maior festa junina
de Caruaru a Campina
a sanfona se afina
chama o povo pra dançar
e todos cai na folia
trinta noite, trinta dia
todo mundo em harmonia
no quadrão a beira mar

Este é o meu sertão
que trago no coração
com muita dedicação
nesse verso quiz mostrar
não dá pra falar de tudo
pois se contar a miúdo
fica grande esse estudo
no quadrão a beira mar

conselho


Viajando em pensamentos
nas asas da ilusão
procurando o que não acho
só encontro á solidão
mesmo assim eu não desisto
mesmo perdendo eu insisto
sem tirar os pés do chão

Quem não luta se acovarda
quem não corre fica atras
siga exemplo dos mais fortes
desistir nunca já mais
se não tem em quem se espelhe
lute, reze, se ajoelhe
se orgulhe do que faz

Não inveje o semelhante
inteligência Deus nos dá
use os seus dez por cento
da inteligência que há
corte o ódio plante o bem
sem perguntar a quem
e bom fruto colherá

Se a vida é uma passagem
sempre terá um destino
não creio que há retorno
para se tornar menino
nunca pare sempre ande
quem nasceu para ser grande
nunca será pequenino










Prece nordestina



Estou pedido a meu Deus
em prece e poesia
pra olhar para o nordeste
que sofre grande agonia
a seca castigou de novo
tenha pena desse povo
que nunca tem regalia

pois a seca hoje em dia
sempre foi nossos problemas
o gado todo morrendo
não tem folha nas juremas
as águas evaporaram
dos açudes que secaram
inclusive o de coremas

estou pedindo em poema
pois minha reza é tão pouca
meus joelhos calejados
a minha voz está rouca
de tanto pedir todo dia
chuva, paz e harmonia
pra essa vida tão louca

sei que minha prece é pouca
mais nunca vou desistir
de agradecer a Deus
simplesmente por eu existir
mas olhe pra quem merece
se todos fizer uma prece
com certeza vai nos ouvir.

Muito obrigado meu Deus.....